O Palmeiras de Abel Ferreira sagrou-se bicampeão do Brasileirão. Apesar do empate a um golo em casa do Cruzeiro, o luso voltou a sentir a alegria da conquista do campeonato brasileiro. O Atlético de Mineiro e Flamengo, que eram os dois perseguidores diretos, perderam a jogar fora de portas, bastando portanto o empate, numa partida onde até podia ter perdido.
Abel Ferreira assumiu que venceu a equipa que melhor lidou com os momentos de dificuldade.
O Luso acabou por não dar a garantia da sua continuidade.
Abel Ferreira, que pode ter comandado o Verdão pela última vez, face ao assédio do Al Sadd do Qatar, chegou aos nove títulos pelo Palmeiras: dois campeonatos brasileiros, duas Libertadores, uma Taça do Brasil, uma Supertaça do Brasil, uma Recopa e dois Campeonatos Paulista.
A 38.ª jornada pôs fim a um campeonato recheado de histórias, que fica marcado pela catástrofe do Botafogo e pela solidez do Palmeiras que, mesmo com um plantel espremido até ao máximo, provou que é a equipa mais bem trabalhada do país. À 27.ª ronda, o Verdão – que deu prioridade à Libertadores, mas foi eliminado pelo Boca Juniors – cumpriu um ciclo de quatro derrotas consecutivas e estava no quinto lugar, a 14 pontos do Botafogo. A equipa paulista nem teve um desempenho fantástico nas últimas semanas, mas os adversários ainda fizeram pior.
Embora este título tem uma grande quota parte de mérito de Abel Ferreira, a importância de Endrick vai ficar nos livros. O miúdo maravilha do Verdão, que já tem o Real Madrid como destino, foi o grande obreiro da recuperação da equipa na reta final do Brasileirão. Na última jornada, não foi diferente.
Endrick foi sinónimo de ameaça para a baliza do Cruzeiro nos minutos iniciais. Rafael Cabral conseguiu parar as tentativas do jovem avançado, mas, aos 21 minutos, não conseguiu evitar o golo.
Lucas Silva teve uma perda de bola irresponsável à entrada da área, Endrick recuperou, ainda viu o guarda-redes negar-lhe o golo pela terceira vez, porém, na recarga, só precisou de encostar para dar início à festa.
Em vantagem, a equipa de São Paulo adotou uma postura de jogar na expectativa e teve de passar por alguns sustos, tendo valido a atenção de Weverton. A frente de ataque composta por um trio que já passou pelo futebol português – Matheus Pereira, Bruno Rodrigues e Arthur Gomes – deu muito trabalho ao guarda-redes do Palmeiras, que respondeu à altura. Em cima do intervalo, Fernando Henrique, com a baliza deserta, atirou por cima e protagonizou o maior falhanço do jogo.
O segundo tempo começou por ser jogado ao ritmo que o Palmeiras quis. A equipa de Abel Ferreira entregou a bola ao Cruzeiro e tentou gerir o relógio.
Ainda assim, numa altura em que o técnico português já tinha aproveitado para colocar em campo alguns jovens da “base”, um golo de Nikão manchou a festa do campeão. À entrada para os últimos 10 minutos de jogo, Matheus Pereira – que fez um jogaço! – serviu o experiente avançado, que rematou rasteiro e colocado, sem dar hipótese de defesa a Weverton.
Mas, depois disso, o jogo praticamente não teve história. O Palmeiras limitou-se a estar organizado no seu meio-campo e esperar pelo apito final, enquanto os adeptos faziam a festa no Mineirão.
O Palmeiras fecha o Brasileirão com 70 pontos, mais dois do que o Grémio, que venceu em casa do Fluminense por 3-2, num jogo em que Luis Suárez apontou um bis e despediu-se do futebol brasileiro. A equipa de Porto Alegre, de resto, ficou à frente de Atlético de Mineiro e Flamengo, os únicos conjuntos que partiram para esta jornada com uma pequena hipótese de tirar o título ao Palmeiras.
A equipa de Scolari perdeu por 4-1 em casa do Bahia, enquanto o Flamengo foi derrotado pelo São Paulo, por 1-0.
O Palmeiras venceu o 12.º campeonato de toda a sua história, reforçando o estatuto de equipa com mais conquistas no Brasileirão.
Nesta última jornada decidiam-se também as vagas para as competições sul-americanas, assim como os despromovidos.
O Santos, que nunca tinha caído para a Série B, juntou-se a Goiás, Coritiba e América-MG no lote de despromovidos, depois de perder na receção ao Fortaleza (2-1) e das vitórias do Bahia e do Vasco (por 2-1, sobre o RB Bragantino, de Pedro Caixinha).
Já o Botafogo, que protagonizou a melhor primeira volta de sempre no Brasileirão, perdeu por 3-1 no reduto do Internacional e não garantiu a presença direta na Libertadores.
Por sua vez, o Cuiabá, do português António Oliveira, que venceu o Athletico Paranaense por 3-0 e assegurou o 12.º lugar. Assim, a equipa vai disputar a qualificação para a Taça Sul-Americana.