A Polícia Judiciária realizou, esta terça-feira, buscas na sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) no âmbito de uma investigação a alegados crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem, participação económica em negócio e fraude fiscal qualificada. A operação, denominada “Mais Valia”, centra-se em negócios imobiliários relacionados com a venda da antiga sede da FPF, na Avenida Alexandre Herculano, em Lisboa, transação efetuada em 2018 por mais de 11 milhões de euros, durante a presidência de Fernando Gomes.
As diligências, autorizadas pelo Ministério Público, incluem a apreensão de computadores, telemóveis e outros suportes informáticos considerados relevantes para a investigação. Foram ainda cumpridos 20 mandados de busca em residências, sociedades de advogados e uma instituição bancária nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém, contando com a participação de 65 inspetores da PJ, 15 peritos de polícia científica, juízes, magistrados e representantes da Ordem dos Advogados. Até ao momento, foram constituídos dois arguidos, entre os quais o ex-secretário-geral da FPF, Paulo Lourenço, e o empresário António Gameiro.
O diretor nacional da PJ, Luís Neves, esclareceu que, apesar de terem sido mencionados os nomes de Fernando Gomes e Tiago Craveiro, ex-presidente e ex-diretor-geral da FPF, respetivamente, nenhum deles se encontra entre os investigados. A investigação teve início em 2021 e mantém-se em curso, com a análise da documentação apreendida e a realização de perícias.
A FPF reagiu com um comunicado no qual expressa surpresa face às buscas, sublinhando que estas estão relacionadas com atos praticados em mandatos anteriores, entre 2016 e 2020. No documento, a direção da Federação reitera a sua total colaboração com as autoridades, garantindo disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos necessários.